Maria João Costa crítica Novelas Portuguesas “Não nos permite sonhar…”

Maria João Costa, reconhecida autora da nova novela da TVI, “Cacau“, partilhou a suas perspetivas sobre o futuro da ficção televisiva em Portugal e além-fronteiras. Em entrevista ao portal MC News, a escritora revelou preocupações e destacou a importância de superproduções para competir internacionalmente.

Ao ser desafiada a abordar o panorama futuro da ficção em Portugal, Maria João Costa expressou a sua convicção de que o sucesso está intrinsecamente ligado a superproduções, como a sua mais recente criação, que têm o potencial de colocar Portugal em pé de igualdade com potências televisivas mundiais, como o Brasil e a Turquia.

“Superproduções como ‘Cacau’ ou ‘Ouro Verde’ potenciam as nossas hipóteses de concorrer diretamente com os melhores do mundo, tal como o Brasil ou Turquia. E arrecadar prémios internacionais de relevo que nos trazem prestígio e valor. Contudo, são cada vez mais difíceis de viabilizar isoladamente”, afirmou a autora.

A discussão sobre a viabilidade dessas superproduções ganha relevância quando se trata de TV generalista privada, onde a produção de ficção está diretamente ligada às receitas publicitárias, que estão cada vez mais dispersas entre plataformas. Maria João Costa enfatizou a dificuldade acrescida em mercados pequenos como Portugal, afirmando que isso “não nos permite sonhar com o formato ideal de novela”.

Com um Emmy no currículo, Maria João Costa questionou a necessidade de novelas com mais de 120 episódios, salientando que mesmo a TV Globo, no Brasil, com uma estrutura robusta e uma população de mais de 200 milhões de habitantes, enfrenta desafios na rentabilização desse formato. Comparou ainda a situação com a Turquia, cujo mercado interno altamente competitivo e audiências significativas contribuem para o sucesso da indústria televisiva.

“A situação que ameaça seriamente o nosso setor artístico é o desafio de fazer omeletes sem sequer um fogão para cozinhar as cascas. Temos feito imenso com os orçamentos que temos. Verdadeiras omeletes sem ovos”, concluiu Maria João Costa, apontando para a necessidade de repensar e adaptar-se aos novos desafios que o setor enfrenta.

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